(Gabriela Leandro Pereira / Doutorando – PPGAU FAUFBA)
O projeto de tese proposto traz como questão o exercício da leitura da cidade a partir de suas periferias. Propõe-se a formulação de um dialogo que tome como fio condutor as elaborações cotidianas de escapes e acontecimentos minoritários corriqueiramente invisibilidados na cidade, como a movimentação do Hip Hop, que conecta e atravessa os espaços opacos de diversos centros urbanos - inclusive em Salvador. Ao tomá-lo como guia objetiva-se construir uma leitura da periferia a partir do que nela existe enquanto potência, complexificando leituras corriqueiras nas quais estes espaços são vistos apenas a partir de sua escassez. Com seus 4 elementos (grafite, break, rap e dj) o Hip Hop apresenta-se enquanto uma entrada possível de ação/espacialização/territorialização/politização no que tange a discussão do direito á cidade tornando-se elemento central para a elaboração de uma cartografia sobre a precária e assimétrica dinâmica de produção dos centros urbanos. Enquanto narradores de micropolíticas, os adeptos do hip hop cotidianamente configuram "contra-espaços" dentro das ordens sociais majoritárias, tomados de diversas intensidades de periferia no qual acumulam-se o discurso, a dança, a sonoridade de uma "batida quebrada", os escritos codificados, um jeito particular de vestir e andar denunciando uma corpografia advinda de uma experiência urbana singular, acionando na direção de outras possibilidades de existência nas quais é imprescindível a criação e superação da cotidianidade miserável a que foram, a priori, condenados. Pensar a cidade através da presença do Hip Hop é trazer para o visível práticas sócio-espaciais imbuídas de poder popular e saberes locais que a despeito dos anúncios de alienação da vida pública, insurgem como espaços de ação e política na cena urbana.